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Natureza dos furacões e a redução de seus impactos

9 outubro 2020 Habitat

Os furacões podem demorar alguns anos para ocorrer, mas isso não quer dizer que podemos baixar a guarda. A preparação é fundamental para gerenciarmos melhor os riscos relacionados a esse fenômeno natural que todos os anos tem uma temporada típica, entre os meses de junho e novembro, na região do Atlântico norte e do nordeste do Pacífico.

* Este artigo foi publicado na Revista Geociências SURA | Edição 1 | Novembro de 2016.

 

“As pessoas devem se preparar seja para a previsão de um só furacão ou de vinte”, diz o Dr. Lixion Ávila, Especialista Sênior do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, ao enfatizar no ponto central da gestão diante desses fenômenos: é preciso ter sempre um plano de ação. 

A “seca” desse tipo de eventos na região, como a vivenciada no estado da Flórida, que não foi impactado por furacões durante um período de 10 anos entre o furacão Wilma em outubro de 2005 e a passagem do furacão Mathew no mesmo mês de 2016, não pode fazer com que baixemos a guarda, pois parte da nossa região pode ser afetada a qualquer momento por esse tipo de ameaças.

 

O que é um furacão?

Os termos “furacão”, “depressão” e “tempestade” estão relacionados com uma manifestação meteorológica denominada “ciclone”. Essas manifestações caracterizam-se pela circulação fechada ao redor de um núcleo central quente de baixa pressão, também chamado de “olho”. Geralmente, esses eventos acontecem nos trópicos, onde as águas superficiais do oceano podem atingir maiores temperaturas, por esse motivo são conhecidos como “ciclones tropicais”. Podem durar vários dias e produzem efeitos derivados, como chuvas torrenciais e fortes ondas. 

Dependendo da área onde aconteça, recebe uma denominação diferente. Se ocorrer na bacia do Atlântico norte ou no nordeste do Pacífico, é chamado de “furacão”. Em outras áreas do mundo, como é o caso do Pacífico, se chamaria “tufão”. É importante precisar que essas denominações são derivadas das línguas nativas das regiões de origem. 

A intensidade do ciclone aumenta conforme o aumento da velocidade do vento e a diminuição da pressão no núcleo central. São classificados usando a escala Saffir-Simpson, que para os furacões varia da categoria 1 (ciclone mais fraco) até a categoria 5 (ciclone mais forte). 

Os ciclones tropicais formam-se a partir de perturbações atmosféricas: um conjunto de várias tempestades em uma atmosfera carregada de umidade. As perturbações que originam a maioria dos furacões que afetam a bacia do Atlântico são conhecidas como “ondas de leste”, nascem no continente africano devido ao contraste entre o ar seco e quente do deserto do Sara e a umidade da costa da Guiné. 

Esses sistemas de tormentas atravessam o Oceano Atlântico em direção ao oeste, para o continente americano, gerando com sua passagem regiões de baixas pressões atmosféricas quando o ar quente da superfície do oceano se eleva a grandes alturas, e onde se esfria e se condensa posteriormente. 

Com as condições ideais, essas perturbações podem intensificar-se e originar uma depressão tropical, que é a etapa inicial da formação de um furacão. Para isso, é preciso que ocorram as seguintes situações: 

  • Baixa pressão atmosférica. 
  • Temperatura média de 26.5 °C sobre a camada superficial do oceano (profundidades menores a 15 metros). 
  • Enfraquecimento dos ventos alísios. 

De modo geral, quando a temperatura média superficial do oceano está em aproximadamente 26.5 °C, o calor é transferido para a atmosfera por meio do aumento da taxa de evaporação. Quando essa transferência de energia entre o oceano e a atmosfera ocorre durante a passagem de uma perturbação atmosférica no Atlântico, as baixas pressões relacionadas com esse sistema descem ainda mais e é nesse ponto que se inicia o processo de formação de uma depressão tropical: o ar desloca-se das áreas de alta pressão em direção às áreas com baixas pressões. 

Esse fluxo, afetado pelo movimento de rotação da Terra, permite o mecanismo de circulação da massa de ar que começa a organizar-se em forma de espiral ao redor do centro de baixas pressões. A partir desse processo, e dependendo da disponibilidade de energia calórica no oceano, esses sistemas, que transformam o calor em energia mecânica, podem intensificar-se até chegar a sua máxima categoria. 

 

Por que monitoramos furacões?

O Dr. Lixion Ávila explica que o Centro Nacional de Furacões faz parte do Serviço Meteorológico dos Estados Unidos, e é delegado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), para emitir todos os alertas de ciclones tropicais, da África até as proximidades do Havaí, incluindo as ilhas do Caribe. 

A missão principal dessa entidade é proteger a integridade das pessoas, atenuar os estragos e melhorar a eficiência econômica através de: 

  •  Emissão de alertas e prognósticos. 
  • Análise de condições meteorológicas tropicais severas. 
  • Avanços no conhecimento desses fenômenos. 

Há um sistema de alertas e monitoramento de ciclones tropicais que é coordenado pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos e ao qual pertencem os serviços meteorológicos de outros países. 

Para o monitoramento da formação e o desenvolvimento de furacões, existem várias ferramentas:

  • Sistema de monitoramento de boias ou estações flutuantes com instrumentos de medição de variáveis atmosféricas e oceânicas.
    • Aviões caça-furacões, cuja missão é sobrevoar o núcleo central quente, realizar inspeção visual e coletar dados meteorológicos.
    • Acompanhamento via satélite permanente das condições atmosféricas.
    • Observadores em terra que coletam e analisam informações das estações meteorológicas localizadas em solos continentais e insulares. 

 

Como podemos fazer prognósticos dos furacões?

As condições meteorológicas fazem com que todo ano aconteça uma temporada ciclônica, normalmente entre 1o de junho e 30 de novembro, que impacta principalmente os países da América Central e do Caribe. Entre essas datas ocorre o início da estação quente (verão) no hemisfério norte e, por sua vez, inicia o fortalecimento dos ventos do leste na superfície, criando as condições apropriadas para a formação de ciclones. 

A fim de realizar os prognósticos das trajetórias e intensidades dos furacões, o Centro Nacional de Furacões utiliza mais de trinta modelos de diversos níveis de complexidade e estrutura, que estão classificados assim:

  • Modelos numéricos ou físicos: realizam o prognóstico das trajetórias e intensidades dos furacões a partir da solução matemática das equações físicas que representam o movimento da atmosfera. 
  • Modelos estatísticos: baseiam-se na relação existente entre as tempestades históricas e alguns detalhes específicos de uma tempestade particular, sem considerar a física atmosférica. 
  • Modelos estatísticos: dinâmicos, permitem realizar o prognóstico a partir do comportamento de uma tempestade determinada e das variáveis físicas do meio obtidas através de modelos dinâmicos. 

Com base nessas classes de modelos, é possível realizar dois tipos de prognósticos:

  • Estacional: É realizado anualmente, antes do início da temporada, com dados históricos das tempestades tais como intensidades em termos de categorias, pressão, velocidade dos ventos e trajetórias de acordo com as condições do oceano e os fenômenos macroclimáticos. 
  • Operacional: Inicia a partir do momento em que se forma a perturbação atmosférica, e oferece informação conforme a mesma evolui. Oferece um prognóstico em três dias que é atualizado diariamente com a trajetória e intensidade dos ventos. 

Sobre os prognósticos, o Dr. Lixion Ávila explica: “Os avanços tecnológicos relacionados com a pesquisa avançaram significativamente nos últimos 30 anos. Há 20 anos emitíamos um prognóstico de três dias e podia haver um erro médio na trajetória do furacão de 480 km. Atualmente, o erro médio de um prognóstico é de 160 km ou menos”. 

 

Que riscos e ameaças estão associados aos furacões?

Podemos relacionar ameaças de vento, maré ciclônica e chuvas torrenciais aos ciclones. 

Ventos: além dos ventos fortes que podem superar os 250 km/h, os furacões e tempestades tropicais podem produzir tornados que se formam longe do núcleo do ciclone.

Maré ciclônica: é o aumento anormal das ondas causado por um ciclone tropical. 

Chuvas torrenciais: as bandas de chuva desses sistemas podem causar precipitações acumuladas de até 1000 mm em um dia, o que pode provocar enchentes.

 

A Suramericana atualmente está implementando um serviço de alertas para os clientes com instalações localizadas em áreas com alto potencial de serem afetadas por ciclones, com informação específica e detalhada das previsões meteorológicas dependendo de onde estejam localizados, levando em conta os boletins emitidos pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos e outras entidades oficiais de pesquisa e monitoramento.

 

No que se refere às previsões que devemos ter diante das ameaças relacionadas como os ciclones tropicais, o Dr. Lixion Ávila comenta: “A recomendação que fazemos para as comunidades da nossa área é que, antes de iniciar a temporada, devemos revisar o plano de ação definido pelas autoridades responsáveis em caso de furacão, que varia de uma área para a outra”. 

As ações que devem ser seguidas não são iguais em um lugar propenso a enchentes, em uma ilha de baixo relevo topográfico ou em uma com alto relevo, por isso é recomendado que estejamos atentos constantemente aos alertas emitidos pelos serviços meteorológicos de cada país.

A gestão desse tipo de riscos deve ir mais além do âmbito de proteção da vida para o de proteção dos bens, continuidade dos negócios e capacidade de resiliência. Essa gestão abrange:

  • Identificação e quantificação das ameaças diretas e relacionadas ao fenômeno, como ventos, chuvas torrenciais e marés ciclônicas, nas áreas de interesse. 
  • Avaliação da vulnerabilidade das pessoas, bens, sistemas produtivos e infraestrutura viária.
  • Priorização baseada na quantificação monetária dos aspectosque controlam a gestão dos riscos relacionados com esses fenômenos de diversos pontos de vista – sociais, empresariais e governamentais –, e que abrangem aspectos como a saúde e a segurança das pessoas, a operação da infraestrutura de caráter indispensável, o abastecimento de bens e serviços, a continuidade dos processos produtivos e a prestação de bens e serviços, que integralmente geram a sustentabilidade do desenvolvimento econômico. 

 

Como o nome dos furacões é escolhido?

Muitos se perguntam como se nomeiam os furacões. O Dr. Lixion Ávila explica que os nomes são escolhidos a partir de um consenso realizado na Organização Meteorológica Mundial, cuja sede permanente está em Genebra, Suíça. Essa organização estabelece uma lista dos nomes para os possíveis eventos que ocorrerão nos próximos seis anos, usando os três idiomas principais na região: espanhol, inglês e francês. A cada temporada anual, atribuem-se os nomes em ordem alfabética, conforme vão ocorrendo os eventos.

Tradicionalmente, os nomes atribuídos aos furacões correspondiam ao gênero feminino, no entanto, desde 1979, adotaram-se nomes tanto femininos quanto masculinos. Os nomes dos furacões que causaram maior destruição não se incluem nas futuras listas de possíveis eventos. 

Fontes

  • Lixion Ávila. Especialista Sênior em furacões no Centro Nacional de Furacões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, sigla em inglês). Me. e Dr. em Ciências Atmosféricas da Universidade de Miami. 
  • Referências. Philip J.W. Klotzbach. Department of Atmospheric Science Colorado State University (www.tropical.colostate.edu).