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GEM: aliança mundial para a mitigação do risco sísmico

9 outubro 2020 Habitat

O Global Earthquake Model (GEM) Foundation é uma iniciativa global que busca unir a comunidade científica às comunidades que estão expostas a ameaças sísmicas. Do ponto de vista científico, a abordagem utilizada é baseada em pesquisas confiáveis, ferramentas para considerar diversos cenários e modelos alternativos, dados públicos e sinergias entre a academia e os setores público e privado.

* Este artigo foi publicado na Revista Geociências SURA | Edição 1 | Novembro de 2016. 

 

Avaliar o risco sísmico no mundo e informá-lo abertamente é o principal objetivo do GEM. Para conseguir isso, o GEM pesquisa e transfere informações e conhecimentos que são traduzidos na possibilidade de atenuar perdas econômicas e, o mais importante, preservar vidas. 

O Global Earthquake Model (Modelo Global de Terremotos, GEM, sigla em inglês), com sede principal na comuna italiana de Pavia, é uma parceria público-privada sem fins lucrativos que fornece às organizações e indivíduos recursos que são totalmente livres para a avaliação do risco sísmico em qualquer parte do mundo. 

“Acreditamos que a parceria entre organizações estatais, acadêmicas e privadas do mundo inteiro é fundamental para gerenciar os desastres naturais e preservar vidas”, explica o Dr. John Schneider, secretário geral do GEM. 

As pesquisas desenvolvidas tentam criar ferramentas, coletar informação e construir sinergias a fim de compartilhar conhecimento e trabalhar de maneira transparente. Com tudo isso, o GEM pretende tornar-se uma ponte de comunicação entre o rigor científico e as comunidades sujeitas à ameaça sísmica no mundo inteiro. 

 

Como o GEM surgiu?

O GEM começou suas atividades em 2009 e desde então lidera pesquisas globais e tem divulgado publicamente seus resultados com base nos princípios estabelecidos desde seu início: credibilidade, liberdade, colaboração e transparência.

Sua criação foi uma resposta à iniciativa do Fórum Mundial de Ciência da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2006. Desde a sua criação tem procurado tornar-se a mais completa fonte de conhecimento sobre risco sísmico e uma referência mundial pelo seu conhecimento e aplicação. 

“Nós trabalhamos não só para desenvolver ferramentas ou coletar informação, mas para construir sinergias nas quais todos os envolvidos estejam convencidos da importância de compartilhar, ser abertos e trabalhar juntos”, afirma o Dr. em geofísica, Schneider. 

Durante os primeiros anos de trabalho, muitos recursos econômicos foram entregues pelas organizações públicas e privadas na forma de patrocínio. No entanto, os diretores do GEM compreenderam que as organizações mostram mais interesse em patrocinar projetos específicos em suas áreas de influência e, por isso, ampliaram seu esquema de trabalho e vincularam instituições comprometidas com trabalhos em nível regional e mundial.  

 

O GEM tem patrocinadores e aliados públicos e privados no mundo inteiro. A Sura é patrocinadora do GEM desde 2014 e apoia ativamente seus projetos e atividades na América Latina.

 

Aprendendo e ensinando 

Desde 2009, foram diversas aprendizagens. Cada pesquisa oferece dados de grande valor, além disso, “com cada terremoto temos a chance de coletar mais informação que pode ser utilizada para aprovar nossos modelos e avançar na prevenção”, explica o Dr. Schneider.

Sismos como o do Chile e do Haiti em 2010, do Japão em 2011 e do Nepal em 2015 serviram para comprovar resultados. O Dr. Schneider comenta que “o nosso trabalho não é avaliar se os governos estão preparados ou não para responder. Nosso trabalho é ajudá-los a entender o risco e que eles mesmos avaliem se os planos que têm para atenuá-los —como os códigos para a construção de edificações, o planejamento urbano ou os planos de reabilitação de edifícios— são apropriados ou não”. 

Por esse motivo, seus relatórios, pesquisas e ferramentas como OpenQuake são compartilhados com os interessados que queiram acessá-los no mundo inteiro, contribuindo então com conhecimento para estimar a ameaça e o risco sísmico.

O GEM não se aprofunda diretamente em outros fenômenos como os tsunamis ou as enchentes. No entanto, ele já coordenou diversas parcerias com organizações especializadas no estudo de outros fenômenos naturais. Um exemplo é a fundação italiana Centro Internacional de Monitoramento Ambiental (CIMA), com a qual trabalha conjuntamente na modelagem, prevenção e gestão do risco hidrológico. 

O GEM também vem trabalhando com universidades e instituições científicas de vários países, como os institutos geofísicos da Austrália, Alemanha, Estados Unidos e Colômbia. Essas instituições implementaram informação ou utilizam ferramentas do GEM como a base de seus planos de desenvolvimento e divulgação do conhecimento sísmico. 

 

SARA, pesquisas na América do Sul

A South America Risk Assessment (SARA, Avaliação do Risco Sísmico na América do Sul) é um projeto desenvolvido pelo GEM que beneficia essa região do continente. O projeto começou em janeiro de 2013 e busca o desenvolvimento de um modelo para estimar a ameaça e risco sísmico na região através do uso de dados padronizados e metodologias baseadas nos princípios de transparência e intercâmbio de conhecimento e rigor científico. 

A SARA busca atenuar impactos e seu trabalho é ainda mais destacado quando lembramos que entre 1970 e 2012 morreram 77.000 pessoas e 15 milhões foram afetadas pelos terremotos ocorridos na na América do Sul e que, além disso, as perdas econômicas foram calculadas em 37 bilhões de dólares. Por esse motivo, os especialistas da região projetaram pesquisas para oferecer produtos que melhoram a gestão do risco e fortalecem o interesse em conhecer mais sobre esse fenômeno. 

Para o secretário geral do GEM, o Dr. John Schneider, “esse projeto tem sido um sucesso. Atualmente possui a informação mais completa sobre o risco sísmico da região”. Isso foi comprovado após o terremoto do Equador, que ocorreu no dia 16 de abril de 2016, quando as pesquisas realizadas foram um recurso valioso para o Governo desse país para estimar os danos potenciais nos edifícios, o custo da reposição, a distribuição das vítimas e o impacto geral. 

Além disso, o GEM realizou na América do Sul capacitações específicas sobre os usos e aplicações de seus produtos e ferramentas, acompanhamento para universidades que oferecem cursos de avaliação e gestão do risco sísmico, e trabalha junto com os centros de prevenção de desastres de vários países da região. 

 

O que o GEM espera para o futuro?

Atualmente, o GEM pretende colocar vários projetos em prática. Um dos mais importantes é seguir alimentando seu projeto global de informação sobre as fontes de sismos. No aspecto da ameaça sísmica, pretende coletar informação adicional sobre a resposta local dos diferentes tipos de solo, especialmente nas áreas urbanas onde a variabilidade é alta. 

O GEM também pretende trabalhar em modelos de recuperação para entender como os fatores sociais, físicos e econômicos contribuem para que as comunidades respondam ou se recuperem diante de um terremoto. Outro plano é a criação de protótipos, parecidos ao OpenQuake, que poderão ser utilizados para outros tipos de riscos naturais. 

Pesquisa, transferência de conhecimento e preservação da vida e da propriedade são objetivos que fazem com que o trabalho do GEM gere benefícios e fortaleça a redução do risco sísmico no mundo. 

Fontes

  • John Schneider. Geofísico da Universidade da Califórnia, San Diego, Estados Unidos, Dr. em geofísica da Universidade de Wisconsin.